Oito restaurantes brasileiros estão entre os 50 melhores da América Latina
Em 4º lugar, A Casa do Porco é o mais bem colocado do país no Latin America's 50 Best Restaurants 2023; quem lidera lista é o peruano Maido


O Brasil tem oito restaurantes entre os 50 melhores da América Latina em 2023. É o que diz o ranking da 11ª edição do Latin America’s 50 Best Restaurants divulgado nesta terça-feira (28) em cerimônia ao vivo no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.
A Casa do Porco, no centro de São Paulo, é o restaurante nacional mais bem colocado da lista ao aparecer no 4º lugar, repetindo o feito do ano ado. Comandado por Janaína Torres Rueda e Jefferson Rueda, o restaurante na República serve uma cozinha caipira no centro da maior cidade da América do Sul e coloca à mesa sabores vindos do interior do estado em criações nada óbvias e criativas.
Tamanho trabalho primoroso já havia concedido outros prêmios para A Casa do Porco neste ano, a exemplo do 12º lugar entre os 50 melhores restaurantes do mundo e a melhor colocação de um restaurante brasileiro no La Liste.
No Rio de Janeiro, o Lasai, do chef Rafael Costa e Silva, está no 14º lugar. Ele comanda a operação do restaurante em uma pequena casa no Largo dos Leões, em Humaitá, que ou a servir no ano ado apenas 10 comensais por noite, em que prioriza vegetais cultivados em fazendas nas imediações da Cidade Maravilhosa.
Das mãos da dupla Luana Sabino e Eduardo Ortiz, o mexicano Metzi aparece na 18ª posição. Enraizada nos sabores e tradições do México, mas enaltecendo ingredientes brasileiros, a casa em São Paulo se propõe a servir uma autêntica comida mexicana que se reflete no cuidado com as matérias-primas, como os grãos de milho crioulo, que são moídos na própria casa para se transformarem nas massas achatadas que envolvem diversos dos pratos do menu-degustação ou do menu à la carte.
O Oteque, no Rio, liderado pelo chef paranaense Alberto Landgraf, vem em seguida entre os melhores da América Latina e aparece na 20ª posição. Na casa em Botafogo, o chef foca em vegetais, frutos do mar e peixes e busca diariamente os melhores ingredientes com o emprego de técnicas modernas no menu-degustação.
O paulistano Nelita figura no 21º lugar. A casa em Pinheiros é capitaneada pela chef Tássia Magalhães, que serve no restaurante de ambiente rústico-chique uma cozinha autoral italiana por meio de menu-degustação ou opções à la carte em que sobressaem massas produzidas na casa e uma ampla variedade de vegetais que podem, em várias ocasiões, ser a estrela do prato. Vale destacar que Tássia foi destaque recente ao ser homenageada como um dos novos talentos do ano pelo La Liste.
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Chefs da América Latina no palco do Latin America's 50 Best Restaurants 2023 • Divulgação
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Janaína Torres Rueda e Jefferson Rueda no palco para receber menção ao 4º lugar com A Casa do Porco no Latin America's 50 Best Restaurants 2023 • Divulgação
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Prato do Lasai, no RJ, com chuchu, vieira, romanesco e borago; restaurante ocupa posto de número 14 entre os melhores da América Latina • Reprodução/Instagram/@restaurantelasai
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Chorizo verde com lula do Metzi, restaurante mexicano em São Paulo com ingredientes brasileiros que aparece no 18º lugar entre os melhores da América Latina • Divulgação
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Boudin de foie gras, cogumelos e tucupi do Oteque, que figura na 20ª posição entre os melhores da América Latina • Rubens Kato@kato78
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Fachada do Nelita, em Pinheiros, comandado pela chef Tássia Magalhães e na 21ª posição entre os melhores da América Latina • Amanda lino
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Carabineiro com chuchu do Evvai, restaurante italiano em São Paulo no 22º lugar os 50 melhores da América Latina • Tadeu Brunelli
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Ambiente do Maní, restaurante de Helena Rizzo na região dos Jardins, em São Paulo, que está no 34º lugar entre os 50 melhores da América Latina • Pedro Napolitano Prata
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Ambiente do Manu, em Curitiba, na 35ª posição entre os 50 melhores da América Latina e vencedor do Prêmio de Sustentabilidade do ano • Helena Peixoto
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Na capital paulista, o italiano moderno Evvai figura na 22ª posição. Quem comanda a cozinha é o chef Luiz Filipe Souza, que serve um menu-degustação baseado em sua cozinha chamada de “oriundi”, integrada à cultura e aos produtores brasileiros. A confeitaria fica por conta da chef Bianca Mirabili, que segue o DNA da casa ao sair do óbvio com suas criações.
O Maní, casa da chef Helena Rizzo, figura no 34º lugar. O restaurante na região da capital paulista dos Jardins apresenta uma cozinha brasileira autoral e contemporânea através de opções à la carte ou menu-degustação, em que ambas as escolhas tem como base a sazonalidade e o trabalho com pequenos produtores rurais.
O Manu, que ajudou a colocar Curitiba no mapa gastronômico do país, aparece na 35ª posição e é liderado por chef Manu Buffara, eleita a Melhor Chef mulher da América Latina em 2022. Da cozinha saem pratos de inspiração familiar que compõem o menu-degustação, em que a maior parte dos insumos são produtos vegetais – o restaurante ganhou ainda o prêmio de Sustentabilidade da noite.
Top 10: peruano na liderança

Quem encabeça a lista é o peruano Maido, liderado pelo chef Mitsuharu Tsumura na capital Lima. O restaurante opera sob a luz da essência Nikkei, em que mescla as cozinhas japonesa e peruana no balcão e no menu-degustação. O Maido já foi por três vezes consecutivas o melhor restaurante da América Latina entre 2017 e 2019.
Em seguida vem o El Chato, na capital colombiana Bogotá, pilotado pelo chef Álvaro Clavijo, que tem agens pelo Per Se, L’Atelier de Joël Robuchon e no Noma. Ele faz uso de ingredientes locais e regionais, com matérias-primas das redondezas do restaurante, para desempenhar receitas e técnicas que extrapolam as fronteiras da Colômbia em um único menu-degustação que pode mudar diariamente.
Completando o pódio vem o argentino Don Julio, a parrilla mais famosa do país vizinho ao Brasil. Liderado pelo empresário e sommelier Pablo Rivero, que recebeu no ano ado o prêmio de melhor sommelier da América Latina, a casa em Palermo é uma das paradas obrigatórias em Buenos Aires e tem a sazonalidade, a maturação, a charcutaria e os vinhos argentinos no centro da operação.
Confira a seguir os 10 melhores restaurantes da América Latina segundo o Latin America’s 50 Best Restaurants 2023:
- Maido (Lima, Peru) – Melhor Restaurante da América Latina
- El Chato (Bogotá, Colômbia) – Melhor Restaurante da Colômbia
- Don Julio (Buenos Aires, Argentina) – Melhor Restaurante da Argentina
- A Casa do Porco (São Paulo, Brasil) – Melhor Restaurante do Brasil
- Fauna (Valle de Guadalupe, México) – Melhor Restaurante do México
- Maito (Cidade do Panamá, Panamá) – Melhor Restaurante do Panamá
- Kjolle (Lima, Peru)
- Leo (Bogotá, Colômbia)
- Boragó (Santiago, Chile) – Melhor Restaurante do Chile
- Mayta (Lima, Peru)
Confira todos os 50 melhores restaurantes da América Latina em 2023 aqui.
Lista estendida
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Em 56º lugar da lista estendida do Latin America's 50 Best vem o Charco, em São Paulo • Divulgação/World's 50 Best Restaurants
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Em 57º, Fame Osteria, em São Paulo • Tadeu Brunelli
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Em 63º, Mocotó, em São Paulo • Ricardo D'Angelo
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Em 64º lugar, Kotori, em São Paulo • Divulgação/World's 50 Best Restaurants
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Em 65º, o restaurante D.O.M de Alex Atala • Ricardo D'angelo
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Ambiente do restaurante Origem, em Salvador, que aparece em 76º lugar na lista estendida • Leonardo Machado Freire
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Em 95º lugar, Ristorante Hotel Cipriani, no Rio de Janeiro • Divulgação/World's 50 Best Restaurants
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Peixe do dia inteiro do Ocyá, no Rio, na 96ª posição do Latin America's 50 Best Restaurants • Rodrigo Azevedo
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Em 97º, Kan Suke, em São Paulo • Divulgação World's 50 Best Restaurants
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Outros nove restaurantes brasileiros já tinham entrado na lista estendida do Latin America’s 50 Best Restaurants 2023, divulgada no último 16 de novembro e que contempla estabelecimentos entre o 51º e o 100º lugar.
Em 56º lugar aparece o Charco, restaurante na capital paulista liderado pelo jovem chef Tuca Mezzomo. Em seguida, na 57ª posição, vem o Fame Osteria, projeto de cozinha autoral com conceitos italianos modernos capitaneado pelo chef Marco Renzetti.
O Mocotó, de Rodrigo Oliveira, figura na 63ª posição, enquanto o Kotori, de Thiago Bañares, nome por trás ainda do bar Tan Tan e colunista do CNN Viagem & Gastronomia, aparece em 64º lugar. Em seguida vem o D.O.M, de Alex Atala, na 65ª posição.
Diretamente de Salvador, o Origem, em que os chefs Fabrício Lemos e Lisiane Arouca servem à mesa uma Bahia moderna sem ser clichê, ocupa o 76º lugar.
Já no Rio de Janeiro, o Cipriani, no Copacabana Palace, liderado pelo italiano Nello Cassese, chef executivo do hotel e Diretor Culinário da Belmond na América do Sul, ocupa a 95ª posição. Também na capital fluminense, o Ocyá, do chef Gerônimo Athuel, vem no 96º lugar e, fechando a lista, no 97º lugar, aparece o paulistano Kan Suke, cujo balcão de poucos lugares é comandado por Keisuke Egashira.
Prêmios especiais
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Janaina Torres Rueda recebe prêmio de Melhor Chef Feminina da América Latina pelo Latin America's 50 Best Restaurants 2023 • Divulgação
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Chef argentina Dolli Irigoyen foi homenageada com Prêmio Ícone do Ano pelo Latin America's 50 Best Restaurants 2023 • Divulgação
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O chef Issam Koteich é o nome à frente do venezuelano Cordero, eleito o restaurante revelação da América Latina em 2023 • Andres Vasquez
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Manu Buffara recebe prêmio de Sustentabilidade da noite no Latin America's 50 Best Restaurants • Tina Bini
A noite no Copacabana Palace também foi recheada de prêmios. A começar, os chefs Virgilio Martínez e Pía León foram aplaudidos por conta da distinção recebida de “melhores dos melhores”, uma espécie de hall da fama atemporal pelo trabalho no Central, eleito cinco vezes o melhor da América Latina e o melhor do mundo em 2023, em que se tornou inelegível para votações futuras.
Janaína Torres Rueda, à frente da Casa do Porco, recebeu em mãos o troféu de Melhor Chef Feminina da América Latina, distinção que já havia sido revelada no início de outubro.
A chef argentina Dolli Irigoyen também esteve presente e foi agraciada com o prêmio de Ícone do Ano. Ela é conhecida por resgatar práticas ancestrais locais, colocando a culinária da Argentina no centro de seu trabalho e a divulgando país afora por meio de livros, programas de TV e de escola própria.
Com menu inteiramente dedicado à carne de cordeiro, o venezuelano Cordero, na capital Caracas, foi eleito o restaurante revelação com o prêmio American Express One To Watch Award 2023, que também já havia sido revelado no início do mês. No ranking, ele angariou o 88º lugar na lista estendida.
Durante a premiação no Copacabana Palace, o chef Mario Castrellón, do Maito, na Cidade do Panamá, recebeu o Chef’s Choice Award, único prêmio votado por seus colegas de profissão e que homenageia a contribuição positiva do chef no cenário global no último ano. Seu restaurante ficou em 6º lugar no ranking.
Quem levou para casa o prêmio de Melhor Chef Confeiteira foi Maribela Aldaco, do restaurante Fauna, na Baixa Califórnia, no México. Na seara dos vinhos, Florencia Rey foi eleita a Melhor Sommelier da América Latina neste ano por conta de seu trabalho elogiado no Maido, em Lima, no Peru. Entre os restaurantes, o prêmio de sustentabilidade, que destaca práticas ambientais e sociais responsáveis, foi para o brasileiro Manu, de Manuela Buffara.
O restaurante ganhador do prêmio Arte da Hospitalidade foi o Pangea, em Monterrey, no México, que se distingue pela excelência em serviços e pelas suas experiências gastronômicas.
Da lista, o Quintonil, da Cidade do México, recebeu a distinção de ter sido o restaurante que mais avançou posições, tendo subido 31 lugares em relação ao ano ado e parando no 12º lugar. Já o Cantina del Tigre, da Cidade do Panamá, foi o nome estreante na lista que angariou a colocação mais alta, conquistando o 25º lugar.
Votação
O ranking do Latin America’s 50 Best Restaurants é divulgado desde 2013 e já teve cerimônias no Peru, México, Colômbia e Argentina, sendo esta a primeira vez em território brasileiro. No início da cerimônia desta terça-feira (28), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, revelou que a edição de 2024 da premiação será novamente sediada na Cidade Maravilhosa.
A lista anual com os melhores restaurantes da América Latina é baseada nas avaliações de 300 especialistas anônimos ligados ao setor, como jornalistas e críticos de gastronomia, chefs, donos de restaurantes e gourmets, que estão espalhados por distintas áreas e países da região.
Os votos são confidenciais e cada membro pode nomear até 10 restaurantes, em que pelo menos quatro deles devem ser fora do seu país – se o votante não viajou internacionalmente nos 18 meses anteriores à votação, deverá votar apenas em seis estabelecimentos do seu próprio país.
Os membros enviam as escolhas em ordem de preferência, sendo esta a ponderação usada para decidir posições em caso de empate.
Os membros devem ter frequentado os restaurantes nomeados nos últimos 18 meses e são proibidos de votar em negócios próprios ou que tenham interesse financeiro. O processo de votação e os resultados são auditados por uma empresa independente.